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Natal aposta no turismo de eventos

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O turista brasileiro de sol e praia injeta, em média, 70 dólares por dia na viagem. O estrangeiro deixa 116 dólares e o visitante que vai participar de algum evento gasta nada menos que 250 dólares na economia local. Pela estatística é fácil entender porque os eventos são a galinha dos ovos de ouro para  movimentar o turismo na baixa estação. Por isso, a meta para o Centro de Convenções de Natal é ousada: manter a estrutura ocupada nos 250 dias úteis do ano.
Secretaria de Turismo quer investir e conquistar o turismo de eventos, principalmente de grande porte
Parece ser um longo e virtuoso caminho. No início de 2009, a Secretaria de Turismo de Natal comparou a cidade às demais capitais do país e constatou que em matéria de turismo de eventos no Nordeste, a capital potiguar estava à frente apenas de Teresina (PI). Enquanto isso, um novo Centro de Convenções é construído em Fortaleza (CE), com investimento de R$ 400 milhões.

A informação é do ex-presidente da Natal Bureau Convention, entidade formada por vários mantenedores do turismo, entre hotéis, restaurantes, etc., Neiwaldo  Guedes. Para se ter uma ideia do porte da unidade – que será maior do que o estádio do Anhembi (SP) – basta saber que para o Centro de Convenções de Natal teve R$10 milhões na atual reforma.

 Correndo atrás do prejuízo, para mostrar que Natal é mais do que praia e sol, há um ano a secretaria de Turismo de Natal trabalha com parceiros públicos e privados no projeto “Natal Cidade de Eventos”. Os primeiros frutos estão sendo colhidos. “Não temos a pretensão de concorrer no mesmo nível de Fortaleza, e mesmo assim já temos mais de 50 eventos programados até 2014”, destaca o secretário de Turismo de Natal, Francisco Soares.

A ideia é divulgar em parceria com as entidades do setor, a estrutura que a capital oferece.  Na 10ª Edição do Prêmio Caio, um dos mais importantes do setor, Natal arrebatou três “Jacarés de Ouro”. Um deles foi dado ao projeto, sendo outro de melhor destino de eventos de médio porte do Nordeste e o terceiro para o Centro de Convenções de Natal.  

“Nos últimos três anos, avalio como extremamente positivos os investimentos feitos no Centro, ele está cada vez mais moderno”, diz o diretor – superintendente do Centro de Convenções, Carlos Augusto Medeiros . “Em 2009, quando começamos a elaborar nosso plano estratégico, vimos a questão da sazonalidade, que é muito crítica para a economia do turismo”, diz Francisco Soares.

Nesse contexto, os médicos são o alvo principal, uma vez que as entidades médicas são responsáveis por 70% dos eventos do país. Soares lembra que o circuito de eventos também implica em uma melhoria na taxa de ocupação da rede hoteleira, que tem estado no vermelho duranta a baixa estação. A média anual de 2009 foi de 65%, graças aos 95% de ocupação registrados da alta estação.

“Na baixa há meses com menos de 20% e isso prejudica muito: o hotel demite o empregado e deixa de pagar suas contas”. Soares fala da necessidade de um esforço conjunto para mudar este cenário. “Sabemos quais são os problemas e como resolvê-los. O trade de Natal cresceu bastante e tem ajudado a competir com os principais concorrentes”, diz.

“Precisamos de um novo centro de convenções”

O cálculo de lucros com o circuito de eventos pode tomar proporções ainda maiores. Em um evento de três mil pessoas durante cinco dias, a Secretaria de Turismo estima que R$20 milhões são injetados na economia da capital. “E o melhor: tudo de maneira democrática. Ganham dono de restaurante, taxista, sem falar que muitos desses turistas trazem parentes”, disse Soares.

“Acham bonito e geralmente voltam de férias, o que é mais importante ainda porque cria uma certa fidelidade”, diz o secretário. Mas tanto reconhecimento, para o diretor presidente da Natal Convention Bureau, George Costa, exige planejar novos espaços. “Começam a surgir os primeiros gargalos, que são os dias em que há mais de um evento e só temos espaço para sediar um”.

Como exemplo, ele lembra que para os próximos três anos há 46 eventos a serem captados. “Então, lógico que o Centro de Convenções estará com a pauta esgotada”.  Ele recorda que o primeiro salto para reinserir a capital no circuito de eventos foi a inauguração em 2007, com a ampliação do Centro de Convenções.

“A partir disso captamos novos eventos, que demoram naturalmente dois três anos pra chegar, são a médio prazo, dificilmente conseguimos algo no mesmo ano”. George acredita que é preciso ainda mais investimento por parte do poder público na fomentação do mercado do turismo de eventos. “Fortaleza entendeu que só de lazer não dá pra viver a grande quantidade de hotelaria que já existe lá, e Natal está mais ou menos nesse caminho”, diz.

“Estamos de parabéns porque conseguimos chegar nos eventos de médio porte, mas nos de grande porte, ainda temos dificuldades”. George elogia a atual manutenção do espaço e a reforma na área antiga do Centro, mas explica que o poder de investimento ainda está limitado. “Já se imagina um segundo Centro também em Natal, mas em outra área, talvez mais próximo à ponte de todos”, adianta.

A escolha fomentaria a área, que ele acredita estar “esquecida” pelo setor de turismo. “Se lá tiver um equipamento de médio porte, conseguira dar facilidade para essa captação de eventos”, diz. A obra no Centro de Convenções foi concluída ontem (27) e amanhã, os auditórios Reis Magos e Governador Lavoisier Maia  já sediam um evento promovido pelo Governo do Estado.

Turismo alternativo inclui idosos

Este ano, o projeto Natal Cidade de Eventos quer fomentar o circuito de pequenos eventos. “A ideia é ampliar o turismo corporativo, trabalhando para integração nesse processo dos hoteis de três e quatro estrelas, para trazer eventos pequenos e médios, como áreas de educação e pesquisa”, explica o secretário Francisco Soares. Ao mesmo tempo, busca um local para construir um novo centro de convenções, ideia ainda embrião.

“Não temos ainda um projeto, mas o que queremos é um de médio porte, porque um de grande seria oneroso e não valeria a pena porque são poucos no país. O ex-presidente da Natal Convention Bureau, que esteve na entidade desde sua fundação há quatro anos até dezembro passado, Neiwaldo Guedes,, discorda: Natal precisa de um grande espaço para eventos.

“O setor precisa investir em outros tipos de eventos que não os de entidades. Os jovens e idosos estão incluídos,” Neiwaldo aposta. “No congresso da melhor idade em 2009, os participantes consumiram R$790 mil reais. Outro ponto considerado é que a cada R$10 mil investidos na divulgação, o retorno médio é de R$10 milhões. Nosso salão de exposições tem 4 mil metros quadrados e o de Recife 22 mil”.

Segundo ele, a fatia referente aos eventos médicos representam 50% do total. “Hoje toda entidade se reúne. Mas com os espaços atuais, dentre os auditórios dos hoteis como Praiamar e Pirâmide, e Centro de Convenções, não temos como competir para captar os grandes eventos”, diz. Ele analisa que um novo centro deve ser construído na Grande Natal”.

Bate-papo

Enrico Fermi – Presidente da ABIH-RN

Como o turismo de eventos pode contribuir para evitar o vermelho do setor na época da baixa estação?
Vínhamos com uma queda na taxa de ocupação dos leitos desde 2006, que melhorou em 2009 por influência de dois fatores: a agenda de eventos já captada e o grande momento da economia. O turismo interno ganhou 30 milhões de brasileiros e espera-se mais 50 milhões nos próximos dez anos São pessoas que melhoraram de vida e chegaram no nosso perfil de consumidor, podendo viajar, uma vez que há muito tempo atrás já reformaram a casa e compraram móveis novos.  Agora querem investir um pouco em lazer. A reforma de 2007 no Centro de Convenções contribuiu porque antes não havia como captar eventos porque não tinha espaço, e esse retorno está vindo em médio e longo prazo. Mas vale lembrar que geralmente em ano de Copa do Mundo e Eleições há uma queda natural no turismo, e temos os dois esse ano, que atrapalham.

Qual a vantagem de Natal em relação aos demais Estados do Nordeste?
Natal se posiciona bem pela hotelaria, sol e outros atrativos que favorecem para o crescimento maior do que o que já tivemos. Somos o segundo parque hoteleiro do Nordeste, perdemos apenas para a Bahia, e faz com que o estado tenha o turismo como sua principal atividade.

O novo Centro de Convenções de Fortaleza vai atrapalhar  o setor?
Atrapalha e ajuda ao mesmo tempo, pela dimensão vem para o mercado forte e porque saímos também da inércia. Nosso centro havia sido inaugurado há muitos anos. Em função de nossa oferta, temos que ter grandes centros. A prefeitura estuda um segundo local, motivado pelo resultado do Projeto Natal Cidade de Eventos, mas sabemos que temos limitações.

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