terça-feira, 30 de abril, 2024
31.1 C
Natal
terça-feira, 30 de abril, 2024

O riso e o Brasil – II

- Publicidade -
Vicente Serejo
O Brasil é risonho, Senhor Redator. Muito risonho. É verdade que, às vezes, solta um riso de hiena, a sua gargalhada de horror, mas tudo faz parte da sua formação colonial. Vem de longe. Do banzo dos negros escravos, dos portugueses saudosos e dos seus índios tristes e oprimidos. O que restou, foi um povo assim, entre o riso e a melancolia, escondendo na alegria do carnaval o riso triste dos seus palhaços e transformando em luxúria o pecado da carne numa vida sombria. 
Outro dia, estava correndo os olhos na longa e bem escrita reportagem ‘Efeito Fumacê’ que a revista Piauí publicou na edição de outubro, texto de Plínio Fraga, e fui vendo a quanto andamos se vistos pelas frestas da Pandemia. O Rio parece repetir, lembra Fraga, a velha e clássica boutade de Balzac ao avisar na ‘Comédia Humana’, nas páginas do romance ‘O Pai Goriot’: “O segredo das grandes fortunas sem causa aparente é um crime esquecido, pois foi muito bem realizado”.  
Tudo por conta da festa de Adilson Oliveira Coutinho Filho que embora tido e havido como empresário da construção civil, é acusado junto ao Ministério Público como bicheiro e, o que é pior, sócio capitalista de milicianos. Tem muito de inveja no mundo de tão caudalosa má vontade. Tudo acabou pior depois que o ousado Coutinho pagou, à vista e antes da data, logo os três mais luxuosos salões do Copacabana Palace para festejar seu aniversário com quinhentos convidados. 
Coutinho é um homem rico e não demonstra irritação ou remorso quando é acusado de ser bicheiro. Silencia. Seu lema, está na matéria, é simples: “Para quem já tem tudo o melhor presente é nada”, e que ele repete como se fosse um mantra, ‘misto de orgulho e gentileza’. Foi lá, nos salões do templo da elegância do Rio que nosso Coutinho reuniu cerca de quinhentos convidados, do mais alto ao mais baixo escalão da sociedade carioca, entre o glamour do luxo e o da breguice. 
Dizem as línguas mais afiadas que a festa foi um primor de organização. Todos os cuidados contra o Coronavírus foram tomados. Do álcool gel a testes e vacinas, com acesso exclusivo pelos fundos do Copacabana Palace, evitando chamar a atenção dos preteridos. Foi uma noite de riqueza como há tempos o Rio não vivia, das elites da Barra da Tijuca aos andrajosos bem arrumados da Baixada Fluminense. Clandestina? Nunca. Ninguém é clandestino nos requintados salões do Copa. 
Não se deve duvidar, pois, da bem humorada alma brasileira. Um maquiador, íntimo da família de Coutinho, provocado, dividiu a geografia humana da festa em dois grupos: ‘convidados-raiz’ e ‘convidados-Nutella’. Nos primeiros, os amigos de Coutinho, parceiros no jogo do bicho, no carnaval e no futebol. Bem na outra ponta, os jovens oriundos dos extratos sociais elevados. A festa de Coutinho teria custado R$ 4 milhões de reais. Ou, se prefere, R$ 8 mil por convidado.      
PRENSA – A Assembleia tem no máximo quinze sessões – com três por semana – para discutir e aprovar o orçamento de 2022 e os relatórios das duas CPIs. Sem realce para uma coisa e nem outra.

REPOUSO – O deputado Raimundo Fernandes teve um pico hipertensivo e cumpre um repouso, em casa, redobrando os cuidados. Mas passa bem, com tudo sob controle e sempre com o celular. 
GRANA – A luta do prefeito Álvaro Dias é garantir os recursos federais antes que Brasília feche a liberação de verbas via ministérios. E deve intensificar suas viagens ao Planalto a partir de agora.    

APAGÃO – Há 72 horas que as CPIs da Pandemia e da Arena das Dunas não demonstram a menor relevância no espaço do noticiário político dos jornas e das redes sociais. De uma mesmice feroz. 
JOGO – Os deputados queixosos pela falta das emendas e da grana para as suas bases, usam um argumento cabreiro: sem emenda o governo desmoraliza o seu líder, o deputado Francisco do PT.  
POESIA – Vai ser amanhã, sábado, à sombra da Folha Verde, coisa das dez da manhã, o início do lançamento de ‘Frutar’, novo livro de poemas de Rizolete Fernandes. Será um lançamento tropical.

RIACHO – A editora Global, nova detentora dos direitos de publicação da obra de José Lins do Rego, lança uma nova edição de ‘Riacho Doce’. Inclui o artigo consagrador de Mário de Andrade.
SONO – De repente, depois da florada, por entre o verde que resiste ao sol do verão, e como se descansassem, surgem as silhuetas esquálidas dos ipês e sucupiras inaugurando o silêncio outonal. 
ÓRFÃO – Apesar do seu currículo – advogado, diplomata de carreira, ex-senador, ex-ministro de Fernando Henrique e prefeito três vezes de Manaus, Arthur Virgílio chega hoje a Natal como o grande órfão eleitoral dos tucanos que hoje se dividem, no RN, entre João Dória e Eduardo Leite. 
QUEM – Embora as prévias representem medição interna entre nomes que disputam o apoio para a candidatura a presidente da república, haverá disputa velada para medir as forças do deputado Ezequiel Ferreira e do prefeito de Natal, Álvaro Dias dentro do PSDB. Quem teria mais força?
EFEITO – Os observadores políticos apontam João Doria como o favorito dos tucanos nas prévias do RN, pelo peso da Assembleia Legislativa. Mas, uma vitória de Eduardo Leite em 2022 daria a Álvaro Dias a condição de líder natural do partido. Seria bom para a renovação política dos tucanos.  
Os artigos publicados com assinatura não traduzem, necessariamente, a opinião da TRIBUNA DO NORTE, sendo de responsabilidade total do autor.
- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas