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Mudanças internas explicam demissões

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Um rearranjo de horários e do parque de produção foi a razão apontada pela Guararapes Confecções para as demissões de 2.214 trabalhadores da fábrica da empresa no Rio Grande do Norte, no primeiro semestre do ano – o maior volume registrado entre as indústrias do setor, segundo levantamento do Sindicato que representa a categoria, o Sindiconfecções.
O trabalho na empresa era realizado em dois turnos: entre 6h e 14h, e no período das 14h às 22h
 A explicação sobre as dispensas foi dada ontem pela diretora de Recursos Humanos da empresa, Susanna Elita Rocha. “Não há crise na empresa e nem reflexo de uma crise mundial. Os nossos balanços estão aí para provar isso”, disse, afirmando que os cortes – motivados “pelo novo modelo de negócio” – já foram encerrados.

Na prática, Susanna explica que o trabalho  feito por turmas de operários em dois turnos (das 6h às 14h e das 14h às 22h) foram redimensionados para atender a um único turno administrativo. “O que fizemos foi aumentar o número de máquinas no parque industrial, para atender o número de funcionários em um mesmo horário”. A medida acabou reduzindo a necessidade de pessoal, mas não deverá afetar o ritmo de produção, de acordo com a empresa.

O Grupo Guararapes produz cerca de 240 mil peças por dia nas fábricas de Extremoz (RN) e Fortaleza (CE). Somente em Extremoz, a produção é de 200 mil peças aproximadamente.

A captação de mão-de-obra para subsidiar um possível aumento na produção no final do ano, que costuma ocorrer a partir do mês de setembro, também não será feita pela empresa. “Esta prática de contratar para o final do ano se restringe a produção no varejo, não a de grandes indústrias”, afirmou a gerente.

Indústrias

Somente nos primeiros seis meses do ano quase 3 mil trabalhadores perderam o emprego no setor têxtil e de confecções do Rio Grande do Norte. Desse total, quase 80% foram dispensados pela Guararapes, segundo números fornecidos pelo Sindconfecções – que representa os trabalhadores – e confirmados pela companhia. As demissões foram noticiadas na edição de ontem da TRIBUNA DO NORTE, mas só ontem foram comentadas pela empresa. Os cortes atingiram 20% do contingente do setor de costura da fábrica em Extremoz.

Dados do Ministério do Trabalho e Emprego apontam que a função foi a que mais sofreu baixas, no semestre. De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério, apenas no setor de costura a máquina, na confecção em série, 1.528 trabalhadores foram dispensados no estado (o levantamento não especifica em que empresas trabalhavam).

A concorrência com o produto importado de países como China e Índia – com preços mais baixos – é apontada pelo Sindicato da Indústria do Vestuário como causa para o momento de crise. O sindicato da Indústria Têxtil, por sua vez, disse que a crise financeira internacional estimulou a desaceleração do setor.

Mesmo com desaceleração no emprego, consumo segue forte

Rio e São Paulo (AE) – A demanda dos brasileiros segue muito forte, apesar da menor geração de postos de trabalho, provocada pelo crescimento menos robusto do País e pelo fraco desempenho da indústria, apontam indicadores divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O consumo robusto dificulta a tarefa do Comitê de Política Monetária (Copom), que se reúne na semana que vem para decidir a taxa básica de juros.

A taxa de desemprego caiu de 6,2% em julho para 6% em julho – o menor patamar para o mês desde 2002, quando teve início a série histórica do IBGE. O rendimento médio real dos trabalhadores no País foi de R$ 1.612,90 em julho, uma alta de 2,2% em relação a junho e de 4% em relação a julho de 2010. A massa salarial também subiu, para R$ 36,6 bilhões, 2,7% acima de junho e 6% maior que julho de 2010.

Para Fábio Romão, economista da LCA Consultores, a falta de mão de obra qualificada mantém o poder de barganha dos trabalhadores por melhores salários. “Os serviços domésticos é o exemplo que salta aos olhos. Para não perder a empregada, a patroa paga mais”, disse Romão. Os rendimentos dos serviços domésticos e de outros serviços subiram, respectivamente, 5,9% e 6,1%. Graças a fenômenos como esse, a inflação corrói menos a renda dos trabalhadores.

Para o economista Rafael Bacciotti, da Tendências Consultoria, o resultado do emprego em julho mostrou que as variáveis do mercado de trabalho seguem evoluindo de maneira consistente e não há sinais de forte desaceleração.

Vagas

Com uma previsão de alta de 4% para o Produto Interno Bruto (PIB) este ano, abaixo dos 7,5% de 2010, a geração de vagas de trabalho está menor, mas não o suficiente para reduzir a renda dos trabalhadores e sua capacidade de consumir. O número de ocupados cresceu 2,1% em julho – uma desaceleração em relação aos 2,5% de maio e aos 2,3% de junho, informou o IBGE.

O Caged, divulgado pelo Ministério do Trabalho, já havia apontado essa tendência. Em julho, houve uma geração líquida de 140,6 mil postos de trabalho formais no País, abaixo dos 181,8 mil de julho de 2010. A criação de novas vagas foi menor nos três grandes segmentos da economia: indústria, construção civil e também nos serviços.

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