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Um retorno a natureza

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Giulia Mitre
Professora e voluntária da Nova Acrópole Natal

Uma coisa que pode tirar o nosso sono à noite é acompanhar as notícias – cada dia mais recorrentes – de desastres naturais, problemas ambientais e guerras constantes por interesses diversos, que também incluem a posse de terras e riqueza natural. A coisa piora quando lemos os comentários na internet sobre estes eventos, chegando ao ponto de ser um fato que o “fim do mundo está próximo”.
Seja esta uma verdade ou não, quando uma ponte cai devido ao volume de água do rio, quando pessoas perdem suas casas devido a deslizamentos de terra ou até mesmo o preço de alimentos básicos sobem até o limite do caro… muitas vezes é uma espécie de fim de mundo para muitos dos afetados. É comum nessas horas brotar em nós um suspiro profundo, saindo de nossos lábios um pesaroso “aonde este mundo vai parar?” E é nesta resignação inconsciente, de aparente impotência individual, que abandonamos nossas esperanças de mudança e, silenciosamente, pedimos a Deus que nos poupe de tamanhos problemas no futuro.
Mas… como seria isto possível? Por mais que hoje ainda tenhamos condições de pôr comida na mesa com um teto sobre nossas cabeças, ja sentimos o “abafado” sufocante dessas novas ondas de calor, fazemos piadas sobre o preço do azeite para não ter que lidar com mais um aspecto estressante em nossa vida e, de algum modo, seguir em frente, sabe-se lá onde seria esse “em frente” e o que o destino nos reserva. O fato é que o horizonte se mostra cada dia mais escuro, e isto porque vivemos desde os primórdios da humanidade em um mesmo planeta, olhando as mesmas estrelas que os neandertais, respirando o mesmo oxigênio que Platão e Einstein, admirando o mesmo mar que Colombo e Cabral navegaram.
Para além de tempo e espaço, estamos unidos em uma mesma experiência de vida humana, que obedece as leis de causa e efeito. Hoje enfrentamos as consequências de uma relação superficial com a natureza, em que a desvalorização do meio ambiente e o distanciamento do ser humano como algo apartado acabou por gerar uma mentalidade utilitarista e material dos recursos naturais, como se a natureza existisse apenas para nos servir, pois somos superiores a ela. Mas será mesmo?
Talvez a resposta para esse problema esteja em um retorno a esta mãe primordial, que nos forneceu o primeiro abrigo, alimento e riqueza necessários a existência humana. Se nos voltarmos a ela e aceitarmos seus silenciosos ensinamentos (como fizeram muitos humanistas, cientistas e filósofos), veremos que ali há uma riqueza inesgotável de sabedoria. E se você duvida de minhas palavras, nem precisa ir muito longe para validá-las, basta alguns minutos observando as formigas para aprender lições valiosas de cidadania e organização. Se encontrar uma árvore frondosa e frutífera, pensa que antes ela foi uma simples semente, que precisou morrer na terra escura para se transformar em puro exemplo de generosidade e altivez, buscando a luz do sol para se verticalizar e oferecer sombra, madeira, alimento. Por último, presenteie-se observando no silêncio do crepúsculo o surgimento da lua e das estrelas, estas esferas celestes que, como um bordado prateado no manto escuro da noite, sussurram ideias de mistério e que faz brotar em nós um sentimento que apenas vislumbra o infinito e a eternidade da criação.
A Natureza fora de nós é símbolo da natureza interior do Ser Humano. Se voltamos a nos integrar e percebemos esta relação profunda e bela, podemos não só aprender a lidar com nossa própria natureza, como também voltar a respeitar esta natureza externa, tão viva, tão sábia. Quem sabe nesta união possamos então ter respostas eficazes e, mais ainda, perceber nossa unidade com tudo o que nos cerca, vendo um pouco de nós em todas as coisas, vendo toda a criação dentro de nosso próprio coração.
É por isso que a Nova Acrópole comemora o dia 22/04 como o “Dia Internacional da Mãe Terra”, com eventos em todo o Brasil e no RN também. Buscamos resgatar os valores humanos aliados ao valor do meio ambiente, encontrando respostas através da filosofia e de uma mudança eficaz na forma de viver. É através da união entre seres humanos e com tudo que nos cerca que será possível construir um futuro de harmonia interna e externa, em um profundo respeito com a diversidade da natureza, seja ela ambiental, seja ela humana.

Os artigos publicados com assinatura não traduzem, necessariamente, a opinião da TRIBUNA DO NORTE, sendo de responsabilidade total do autor.

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