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Afastamento de delegado gera crise

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Hudson Helder e Roberto Lucena
chefe de reportagem e repórter

O anúncio de um decreto sobre a criação da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) – na verdade, será formado apenas “um núcleo” com mudanças na competência da Delegacia Especializada em Homicídios de Natal –, bem como a publicação da remoção do titular da Dehom, Laerte Jardim, geraram polêmica e clima de revolta entre parte dos policiais civis do Rio Grande do Norte. A mudança na Dehom não foi bem recebida e a equipe de delegados, escrivães e agentes da especializada ameaça entregar os cargos.
Estrutura e equipe da Delegacia de Homicídios de Natal serão ampliadas para permitir a investigação a partir do local de crime
A dispensa de Laerte Jardim da função de titular da Dehom foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) de ontem, dia 23, através da Portaria nº 428/2014. Quem assina a ordem é o titular da Delegacia Geral de Polícia Civil (Degepol), Adson Kepler. O delegado geral não explicou os motivos para tomar a decisão.

#SAIBAMAIS#A publicação limita-se a informar que Laerte Jardim será transferido para Delegacia Especializada de Assistência ao Turista (Deatur) e deve assumir o novo cargo a partir do dia 1º de agosto. Já o decreto com mudanças na competência da Dehom é esperado para amanhã.

Com a publicação da portaria, houve reação contrária por parte dos agentes e escrivães da Dehom. Em nota divulgada à imprensa, os policiais afirmam que repudiam com veemência a transferência do delegado Laerte. Segundo os policiais, Laerte “foi o principal idealizador dos projetos de implantação da DHPP”. Com a mudança no quadro, os agentes e escrivães “irão propor a remoção e pronta disponibilidade à Diretoria de Polícia da Grande Natal (DPGRAN) para que exerça o que entender de direito”.

Estrutura da Dehom
Atualmente, a Dehom conta com cinco delegados, 24 agentes e três escrivães. Os delegados que atuam na delegacia também demostraram insatisfação com a manobra da Degepol e vão colocar o cargo à disposição.

“Com a saída de Laerte, dou como cumprida a minha missão na Dehom e solicito minha transferência para qualquer outra delegacia da Grande Natal”, disse o delegado Raimundo Rolim. Além de Rolim, devem entregar os cargos os delegados Odilon Teodósio, Alexsandro Gomes dos Santos e a delegada Karla Viviane. “O clima é de conflito entre a Degepol e a Dehom”, resumiu Odilon Teodósio.

Procurado pela reportagem, o delegado geral informou, através da assessoria de imprensa, que a decisão é irreversível e enviou memorando à Dehom para saber quem deseja entregar os cargos. O delegado Laerte Jardim classificou a remoção como injusta, mas disse que vai cumprir a determinação.

O delegado afirmou ainda que corrobora com a nota divulgada pelos agentes da Dehom, mas não teve qualquer participação na elaboração do documento. “Acho injusta [a colocação dos cargos à disposição] pois ocorre em um momento onde a delegacia está produzindo muito. Não fui eu quem redigiu a nota, não tenho qualquer participação nisso, mas concordo com o que foi posto”, disse ele.

Motivos
O afastamento do titular da Dehom não foi explicado e gera repercussão nos bastidores da Polícia Civil. A informação oficial é a de que, corriqueiramente, há um rodízio na titularidade das delegacias. Porém, Laerte Jardim está à frente da Dehom há mais de dez anos.

A Degepol também não divulgou quem irá substituir Laerte, mas o nome do ex-delegado geral, Fábio Rogério, é apontado como uma possibilidade. Rogério  estava, até pouco tempo, designado para a Força Nacional.

Razões não admitidas
A saída de Laerte Jardim não foi explicada pelo delegado-geral, mas abriu uma ferida na relação entre Degepol, Dehom e Governo do Estado. Nos bastidores, fontes ouvidas pela TRIBUNA DO NORTE revelaram que há pelo menos três episódios que podem explicar o porquê da remoção do titular da delegacia:

1. Carros cedidos
Recentemente, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN) cedeu quatro veículos à Dehom. No entanto, a Degepol encaminhou os automóveis a outros setores. Policiais da Dehom comunicaram o fato ao TJRN que, por sua vez, apontou a falha ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Ministério da Justiça foi acionado e Sesed foi obrigada a enviar os carros à Dehom.

2. Polícia legal
O movimento orquestrado por policiais civis exigiu melhoria na infraestrutura. Agentes chegaram a entregar coletes vencidos e se negaram a utilizar veículos com documentação atrasada. O movimento foi visto como “quebra da hierarquia” e desagradou à cúpula da segurança pública do Rio Grande do Norte.

3. Inquéritos
A Dehom é responsável por inquéritos importantes. O mais recente deles investiga a possível atuação da máfia italiana no Estado. Nesta semana, entre as pessoas ouvidas pelos policiais, está o chefe de Gabinete Civil da Prefeitura de Extremoz, Victor Ciarlini Jaegge, sobrinho da governadora Rosalba Ciarlini.

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