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Natalenses opinam sobre a Copa

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Isaac Lira – repórter

Esperança e polêmica. Mais do que uma notícia comemorada pelos natalenses, a confirmação de Natal como sede da Copa do Mundo de 2014, e o posterior início dos trabalhos da organização, significou o início de um debate acirrado sobre os detalhes e encaminhamentos do projeto que promete mudar para sempre o perfil da cidade. Mas o que realmente pensa a população de Natal sobre a vinda da Copa do Mundo para a capital?

Essa é a pergunta que uma pesquisa do Instituto Certus de Pesquisa e Consultoria — e que a TN publica hoje —, respondeu, pela primeira vez de forma objetiva. A pesquisa foi realizada na última semana, dias 28 e 29 de setembro, e ouviu 400 natalenses. Desde a confiança de que a cidade vai conseguir cumprir os requisitos da Fifa até a polêmica derrubada do estádio Machadão, as questões mais discutidas nos últimos meses acerca da Copa do Mundo em Natal foram abordadas.

Demolição do estádio Machadão é um dos pontos mais polêmicos e que divide a opinião dos natalenses entrevistados pelo Certus
O que emerge do trabalho é uma opinião pública confiante de que o poder público conseguirá cumprir todos os prazos e requisitos, mas que se divide quando chamada a opinar sobre a construção do novo estádio Arena das Dunas e sobre as prioridades da cidade para os investimentos que aqui aportarão nos próximos anos. Isso tudo com um público confiável e bem informado. Os números mostram que 70,75% dos entrevistados se consideram bem (25,25%) ou mais ou menos informados (45,50%) sobre o assunto. Em outras palavras, eles sabem do que estão falando.

Natalense demonstra confiança

A opinião pública natalense está confiante e preocupada, ao mesmo tempo. Não é mistério que praticamente a totalidade da população é a favor da vinda dos jogos da Copa do Mundo de 2014 para a cidade. Quem não seria? Contudo, cada um tem suas ressalvas, apesar da confiança de que a cidade tem condições de se preparar e de receber os jogos. E é isso que emerge da pesquisa do Instituto Certus. Segundo os números, 60,5% das pessoas entrevistadas disseram “Sim” quando perguntadas se Natal cumprirá as exigências da Fifa e se tornará de fato sede da Copa.

Dentre os 34,25% dos que não acreditam no projeto (5,25% responderam não saber), os principais motivos elencados foram: não vai dar tempo de concluir o projeto (33,58%); não vão conseguir recursos (28,47%); porque tem político no meio (21,90%); e por causa da Justiça/Ministério Público (8,76%). O percentual de pessoas que não sabem ficou em 2,92% e os que responderam “Outros”, 4,38%. Em todos os índices, a distribuição geográfica da opinião pública se expressa mais confiante em áreas mais carentes (as zonas Norte e Oeste cravaram 66,2% e 60,56% da sua população otimistas no êxito do projeto Copa), e também mais confiantes quanto menor o índice de escolaridade. Para se ter uma ideia, 64,1% dos entrevistados que estudaram até o Ensino Fundamental acreditam que a Copa virá contra 59,33% dos que concluíram o Ensino Superior com relação à mesma pergunta.

A polêmica se instala quando a palavra “Machadão” é pronunciada. Esse assunto – a demolição do estádio para consequente construção da Arena das Dunas – foi abordado em duas perguntas, que expressaram pontos de vista divergentes. A primeira pergunta era: Você é a favor ou contra a demolição do complexo do Machadão para construir a Arena das Dunas? 53,75% das pessoas disseram que “Sim”, são a favor do projeto do Governo do Estado e da Prefeitura. O percentual de “Não” ficou em 42,5% e os que não sabem em 3,25%. Neste cenário, a maioria da população, mesmo tendo em vista a margem de erro de 3%, apoia a decisão tomada pelo poder público. 

Contudo, quando mais opções são colocadas, a opinião muda. Neste novo cenário, foram adicionadas opções ao invés do simples “Sim” e “Não”. Dessa vez,  apenas 31,5% dos entrevistados afirmam que o caminho para construir o estádio da Copa do Mundo passa pela demolição do Machadão. Em oposição a isso, 37,5%, a maioria, afirma que o melhor seria construir um novo estádio em um outro lugar e 26% opina que a reforma do Machadão é o correto a se fazer. “É normal que quando aumentem as opções, a opinião mude e as pessoas migrem de um lado para o outro”, esclarece Mardone França.

 A última pergunta diz respeito às prioridades de Natal, na opinião dos entrevistados. Ou seja, com os R$ 400 milhões previstos para a construção do estádio nas mãos, em que você investiria para o bem de Natal? As respostas simbolizam um inventário das necessidades da população nesse momento. A saúde, de forma disparada, venceu a “disputa”, com 55% dos entrevistados elegendo a área como prioridade para investir a quantia referida, caso fosse possível. Em segundo lugar, a educação (20,25%).  Seguem: segurança (14,25%), saneamento (2,5%), transporte urbano (2,5%), esporte/lazer (1%), outros (3,5%). No fim, 89,5% da população de Natal,  acredita que o que a cidade de fato precisa resume-se a três itens: saúde, educação e segurança.

‘Claro que a Copa do Mundo de 2014 vem para Natal’

O secretário estadual de Turismo e coordenador do Comitê da Copa, Fernando Fernandes, comentou o clima de polêmica que vive a cidade por conta de alguns pontos do projeto da Copa do Mundo. Mesmo sem ter acesso aos números finais da pesquisa, Fernando Fernandes criticou a postura dos que são contra o projeto e falou que o movimento contrário é pautado por interesses contrariados.

O senhor considera importante ouvir a opinião da população?
Claro que é importante. Mas na hora que você tem um processo que algumas pessoas querem contestar, colocar mais lenha na fogueira é prestar um desserviço à cidade. Porque nós não podemos pensar só na Copa do Mundo ou no estádio. Nós tivemos há 15 dias em Brasília, uma reunião com a governadora, a prefeita e vários secretários, onde se discutiu mobilidade para Natal. Estamos negociando R$ 380 milhões para investir em Natal. Nós vamos melhorar a Roberto Freire, nós vamos melhorar a Prudente de Morais, nós vamos melhorar o entorno do Machadão.  O acesso novo da Prudente de Morais que o Governo tem que concluir, um viaduto na BR-101. Um novo viaduto na Prudente de Morais com a Lima e Silva e também os acessos pela Capitão Mor Gouveia. Tudo isso está no pacote de R$ 380 milhões. Fora isso, já temos negociação com o Ministério das Cidades para conseguir R$ 280 milhões para drenagem e esgotamento sanitário daquela área do Machadão.

As pessoas não estão entendendo a magnitude do processo?
As pessoas não sabem a importância desse projeto Copa do Mundo, que é a aceleração do projeto do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante, que é a vinda de novos projetos de turismo e hotelaria. Esse momento é péssimo para discutir se queremos ou não a Copa do Mundo. A candidatura foi há quatro anos e entregamos o projeto há um ano, então não é mais hora de discutir isso.

Mas a pesquisa também traz dados positivos. Por exemplo, mais de 60% da população acredita que a Copa realmente virá para Natal…
Claro que a Copa vem. Eu não tenho dúvida. Hoje, o impedimento que tem quem está causando é o Ministério Público, por conta de atos que nem aconteceram. Eu não consigo entender a população de Natal. É a única cidade do Brasil que questiona a Copa do Mundo, porque todo mundo quer. Mas parece que Natal não quer, o Ministério Público está condenando.  Se há contestação, deveríamos sentar e conversar e não pedir para parar o processo.

Por que o senhor acha que existe esse questionamento em Natal?
Porque existem meia dúzia de formadores opinião que  têm acesso à mídia, seja ela eletrônica, impressa ou de rádio e tv, e esse grupo colocou na cabeça que o estádio Machadão não pode ser derrubado e a partir daí começou a trabalhar que Natal não devia fazer a Copa do Mundo. O que é um erro porque aquele estádio se não for abaixo por implosão, vai abaixo por queda mesmo. A Prefeitura na gestão de Carlos Eduardo gastou R$ 20 milhões naquele estádio e hoje já precisa de outra reparação. Se a gente fosse tentar recuperar aquilo, seria mais barato construir um novo.

Existem outros interesses envolvidos nessa pressão contra?
Sei que existem interesses outros contrariados…

Quais interesses?
Eu prefiro não dizer. Tem gente que quer em outro local porque o tal terreno é lá vizinho, em outros municípios porque o município de influência é aquele, porque tem negócios naquele outro município. E isso ninguém diz. Mas existem interesses outros contrariados.

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