quarta-feira, 15 de maio, 2024
25.4 C
Natal
quarta-feira, 15 de maio, 2024

“O Brasil não deve ganhar a Copa”

- Publicidade -

POLÊMICO - Marinho Chagas chegou a discutir com Leão, na Copa de 74

Melhor lateral esquerdo da Copa do Mundo de 1974 e “inventor” da função de ala, o potiguar Francisco das Chagas Marinho, 55 anos, mais conhecido por Marinho Chagas, encabeça a pequena lista de torcedores brasileiros céticos, que não acreditam no hexacampeonato mundial, mesmo considerando a seleção de Parreira favorita ao título.

“O Brasil nunca jogou com países tão mal humorados. A seleção brasileira sempre foi e sempre será favorita. Pelos times que costuma montar nas Copas e pelas conquistas… Mas, diferente de antigamente, quando o futebol era mais romântico, inocente, arte, hoje em dia existe muita política no meio, envolve negócios e como vamos jogar na Europa, os europeus vão fazer de tudo para ficar com este título, até porque se ganharmos ficaríamos doze anos na frente dos concorrentes mais próximos, como Alemanha e Itália, que são tricampeões”, explicou Marinho Chagas. Cercado de amigos e com o carisma de sempre, o ex-craque de Botafogo, São Paulo, Náutico, ABC e América, concedeu entrevista a TRIBUNA DO NORTE:  

TRIBUNA DO NORTE – Você acredita no hexacampeonato?
MARINHO CHAGAS: O Brasil é sempre favorito, mas acho que os europeus não vão deixar. Ficaríamos doze anos na frente dos concorrentes mais próximos. Itália e Alemanha, por exemplo, que têm três títulos cada, ficariam, no mínimo, doze anos atrás do Brasil. E o futebol hoje em dia envolve muito dinheiro, negócio e política. A França, por exemplo, foi campeã num dia e no outro eles comemoravam uma data nacional, da revolução. Foi dez dias de festa. Na Alemanha não deve ser diferente. Agora, então, que as Alemanhas (ocidental e oriental) se reunificaram, nada melhor que conquistar uma Copa do Mundo, novamente, dentro de casa, para fazer a festa do povo. Além disso, eles (alemães) ficariam há apenas um título do Brasil. Não se enganem não. Estão dizendo que a Alemanha é fraca, está morta, mas eles estão jogando em casa. A Alemanha é favorita sim. Serão 31 seleções contra o Brasil. Mais um título só trará mais inveja.

Na sua seleção caberia o quinteto ou  o quarteto?
MC: Eu sendo Parreira colocaria a base de time pentacampeão. Não colocaria Ronaldo e Adriano juntos. Robinho, Kaká e Ronaldinho Gaúcho têm que jogar. E como temos dois alas que apoiam muito, acho que deve jogar com dois cabeças de área.

Quem é melhor? Marinho Chagas ou Roberto Carlos?  
MC: Nilton Santos. Mas, ganharia mais do que ele. Fiz 150 gols jogando de lateral esquerdo numa época que havia uma disciplina tática muito forte e lateral não podia atacar, só defender.

Você jogou a Copa, também, na Alemanha. Que tipo de dificuldade o brasileiro pode encontrar lá? O clima ajuda?
MC: Olha, é verão na Alemanha durante a Copa. Não tem muito vento. É bom de jogar. Outra coisa, os alemães gostam do futebol brasileiro, o que torna o clima mais agradável

A Alemanha torceria pelo Brasil?
MC: Não tenho dúvidas de que eles torceriam. Em 1974 eles torceram por nós contra a Holanda. Eles não queriam enfrentar a Holanda e torceram pelo Brasil

Que conselho você daria aos jogadores mais jovens da seleção?
MC: Tem que fazer o seu. Não adianta querer passar por cima dos mais experientes. Tem que ter simplicidade e fazer apenas o que sabe. É chegar lá e fazer o feijão com arroz.

Gol de Lato causou briga com Leão

Um lance na disputa do terceiro lugar da Copa da Alemanha, em 1974, provocou uma das maiores polêmicas envolvendo a seleção brasileira. Ao sair de sua posição fixa – lateral esquerda – para se lançar ao ataque, Marinho Chagas acabou deixando um “buraco” – como se diz na gíria do futebol. O ponteiro direito da Polônia, Lato, aproveitou uma bola lançada justamente no vazio e disparou em diagonal para fazer o gol na saída do goleiro Leão. A derrota para os poloneses, por 1 a 0, que rendeu o quarto lugar naquela Copa, causou um mal estar dentro do grupo.

No vestiário, depois do jogo, Leão e Marinho, considerados na época responsáveis direto pelo gol adversário, discutiram asperamente, chegando a trocar sopapos. “Eu fui infeliz naquele lance e o Leão saiu muito mal do gol. No vestiário fui perguntar ao Leão por que ele havia saído do gol, já que não havia necessidade, pois os dois zagueiros chegariam no lance. Nervoso, ele disse que era porque eu tinha feito M… Aí ele me deu um tapa, eu dei outro, foi quando chegou a turma do ‘deixa disso’ para separar a briga”, contou Marinho Chagas.   

Mesmo sem querer polemizar, Marinho foi sincero ao opinar sobre os goleiros brasileiros. “Os goleiros do Brasil não sabem sair do gol. É impressionante, quase cultural. Dida é um bom exemplo hoje em dia. Até hoje nossos goleiros não aprenderam a sair do gol e os zagueiros ainda temem as bolas alçadas na área”, disse.  

Até hoje este momento triste da seleção, em 1974, é lembrado em época de Copa do Mundo. Em entrevista à Globo News, Leão, hoje técnico, chegou a enaltecer Marinho, afirmando que o lateral da seleção de 74 era um grande jogador, mas muito adiantado para a época, onde prevalecia a disciplina tática e os laterais eram zagueiros e não ala como hoje. “Naquela época lateral era zagueiro e tinha que cumprir aquela função de marcador. Eram posição fixas e cada um marcava o seu. Definíamos os nossos marcadores pelo número da camisa. Eu sempre marcava o ponta direita, por exemplo. Contra a Holanda, como eles não tinham posição fixa (carrossel holandês) acabou dificultando nossa marcação. Hoje em dia, não tem mais isso. A começar pela numeração das camisas, 49, 111”, disse.

Marinho fez questão de lembrar que o Brasil só não perdeu de goleada – o jogo acabou 2 a 0 – nas semifinais de 1974 contra a Holanda, porque a seleção de Zagalo tinha, segundo ele, contava com a zaga menos vazada de todas.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas