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A chuva de Natal

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Woden Madruga [ [email protected] ]

Tentando alcançar a Tavares de Lira para abrir o seu Café Cova da Onça, Mestre Gaspar ficou ilhado na Praça Capitão José da Penha. Era água empossada por todos os lados, desde a calçada da Igreja de Bom Jesus das Dores até a curva do antigo Grande Hotel, entrando na Duque de Caxias. Aliás, as calçadas da Ribeira são de causar dó. Às vezes, raiva. Gaspar vinha descendo pela Avenida Rio Branco, guarda-chuva aberto, calças arregaçadas até o meio da canela por conta da água que ensopava tudo. Quando passava um ônibus, tinha de se encostar na parede para se safar do banho geral. Isso foi na manhã de quinta-feira e este roteiro ele faz todos os dias, há décadas, começando pela rua do Arame, próxima à Juvino Barreto. Para alcançar a calçada esburacada do antigo Bandern (hoje, Procon), também esburacado por dentro e por fora, Gaspar se valeu da carona de um carroceiro que passava na ocasião, carroça larga puxada por uma mula bem fornida. Foi aí que Gaspar, pisando no meio-fio, soltou a frase: “Natal não está preparada nem para a Copa nem para as chuvas. Pra vestibular nenhum”.

Imagine se ele tivesse tentado andar por outras partes da cidade. De carro ou de ônibus, impossível. Natal virou um pantanal ou uma cidade acreana alagada pela enchente do Rio Madeira. Choveu: não há escoamento, não há drenagem. É o clímax do caos total e absoluto do trânsito. Ruas, avenidas e praças transformadas em rios e lagoas, levando na enxurrada toda a teoria da tal “mobilidade urbana”. Que eu ainda, apesar de todos os esforços, não consigo entender o que é. Como não sei o que significa “poesia urbana” tão cantada e decantada nas tantas festas realizadas aqui para comemorar o Dia da Poesia. Se há “poesia urbana”, deve ter também, claro, “poesia rural”, “poesia suburbana”. E nos arrabaldes? Aliás, hoje não existe mais arrabalde. Chama-se, agora, periferia. Os mais esnobes simplificam como “área metropolitana”. Há “poesia metropolitana?” Deve existir, sim. Não existe a “marginal”? É só  conferir as BRs.

Voltemos à chuva que alagou Natal. É bom frisar que não foi um toró, uma grande pancada de chuva em pouco espaço de tempo. Não, foi uma chuva forte, mas fatiada, que durou coisa de 15 horas. No boletim da Emparn o registro é de 111 milímetros. Uma chuva de 30 milímetros, outra de 20, uma intermediária de 5, mais na frente, uma de 40, por aí. Normal, sem causar susto. Se houvesse drenagem, não seria volume para alagar quarteirões inteiros, cruzamentos de avenidas estratégicas, o raso da Ribeira. Na vizinha cidade de São José de Mipibu, a  chuva (seria “chuva metropolitana”? ou “rural”?) foi de 140 milímetros e não se tem notícia de estragos por lá, como os daqui de Natal que saíram, inclusive, no Bom Dia da Globo para o país todo.

E a Copa da Fifa? Bom, às vezes chove forte em junho/julho. Já vi fogueira de São João ou de São Pedro não ser acesa por conta da chuva. São João é festa rural ou urbana?

Onde choveu
Tem chuva de 140 milímetros por estas terras potiguares. Foi em São José do Mipibu. Como estará a Lagoa do Bonfim, na vizinha Nísia Floresta, que não aparece no boletim da Emparn? Em Monte Alegre, do outro lado, foram 128 milímetros. Boas chuvas no Agreste e na região Leste. Baía Formosa, 131; Senador Georgino Avelino, 122; Extremoz, 92; Espírito Santo, 90; São Gonçalo do Amarante, 88; Parnamirim, 78; Canguaretama, 74.

No Agreste: Santa Maria, 97; São Pedro, 88; Taipu, 85; Vera Cruz, 83; Ielmo Marinho e Jundiá, 73; Bom Jesus, 67; Santo Antônio, 57; Lagoa de Pedras, 56;  Nova Cruz e Parazinho, 48; João Câmara, 43; Serrinha, 35; Boa Saúde, 32; Rui Barbosa e Serra de São Bento, 28; Santa Cruz, 26.

Na região Oeste choveu em mais de 30 municípios. A maior chuva foi em Carnaubais, 115; Jucurutu, 67; Itaú, 49; Campo Grande, 44; Porto do Mangue, 31; Assu, 25; São Rafael e Caraúbas, 24; Serra do Mel, 23; Paraú, 22; Água Nova , 21. Chuva muito boa em Angicos, no Sertão Cabugi: 57 milímetros; Pedra Preta, 47; Caiçara do Rio dos Ventos, 36; Lajes, 22; Pedro Avelino, 17.

No Seridó: São José do Seridó, 52; Lagoa Nova, 45; Jardim do Seridó, 42; São Vicente, 39; Florânia, 38; Santana do Matos, 24; Carnaúba dos Dantas, 23; São João do Sabugi, 22; Caicó, 20. Há informações que em localidades de Serra Negra teve chuvas passando de 100 milímetros, e de Caicó na faixa dos 80. Os rios descendo com cheia.

Bienal Ariano Suassuna será o homenageado da 2ª Bienal Brasil do Livro, que será realizada em Brasília, entre os dias 11 e 21 de abril. Um dos temas de debates será a produção literária durante os 50 anos da Ditadura Militar. Foram convidados, entre outros, os escritores João Ubaldo Ribeiro, Carlos Heitor Cony, Thiago Melo e Antônio Torres.

A palestra de abertura será do escritor uruguaio Eduardo Galeano, também um dos homenageados. O escritor português Gonçalo Tavares é um dos convidados para a mesa “Tradição e atualidade da literatura em língua portuguesa”. Outro escritor estrangeiro confirmado é o cubano Leonardo Padura, autor de “O homem que amava os cachorros”.

Revista
Está saindo o número 38, volume 50 (janeiro/março de 2014) da Revista da Academia Norte-Rio-Gradense de Letras, projeto gráfico mais arejado começando pela capa “ANL-Revista”. O diretor é Manoel Onofre Jr.

Na parte das Poesias, tem uma elegia de Nelson Patriota para Pedro Vicente Costa Sobrinho (Elegia para Pedro), um poema de Jarbas Martins (que ainda não é acadêmico, mas será)  homenageando o Capitão José da Penha, no centenário de sua morte (Capitão J. da Penha). O terceiro poema é de Paulo de Tarso Correia de Melo (Nascimento do lírico).

Política
O prefeito Carlos Eduardo, do PDT, teve outra rodada de conversas com o ministro Garibaldi Filho e o deputado Henrique Eduardo Alves, primos. Foi quinta-feira em Brasília. Um mote só: eleições de outubro. Os primos estão afinando seus instrumentos na mesma partitura.

Ticiano

O doutor Ticiano Duarte passa o final de semana em Mossoró, cumprindo missão da Maçonaria. Se tiver brecha na pauta, certamente enveredará pelas conversas políticas, que é seu esporte preferido. Começando pela eleição suplementar de prefeito, agora em maio.

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